VIII Assembleia da Organização Regional
de Lisboa do PCP

Crescer e avançar <br> com a luta de massas

Hugo Janeiro e Inês Seixas

Mais de 650 de­le­gados par­ti­ci­param na VIII As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP (AORL). Du­rante todo o dia de sá­bado, 18, no Fórum Lisboa, de­ba­teram e apro­varam as li­nhas de ori­en­tação que vão guiar a in­ter­venção po­lí­tica co­lec­tiva no dis­trito, ele­geram a nova di­recção re­gi­onal e ma­ni­fes­taram de­ter­mi­nação em re­forçar o Par­tido e apro­fundar a sua li­gação às massas e à luta, con­di­ções es­sen­ciais para avançar na cons­trução da al­ter­na­tiva.

 

O re­forço do Par­tido é uma ta­refa de todos

Es­crever sobre uma as­sem­bleia de or­ga­ni­zação do PCP não é ta­refa fácil. Muito menos tra­tando-se de uma re­por­tagem obri­ga­to­ri­a­mente li­mi­tada no es­paço.

Po­de­ríamos focar o pro­cesso de eleição de 564 de­le­gados (ex­cluindo os eleitos por ine­rência) em 151 ple­ná­rios, num total de 214 reu­niões re­a­li­zadas na fase pre­pa­ra­tória da AORL, de­mons­tra­tivo da nossa de­mo­cracia in­terna. Po­de­ríamos apro­fundar as­pectos re­la­ci­o­nados com a sin­gu­la­ri­dade de, só no PCP, os mi­li­tantes po­derem dis­cutir e fazer 330 pro­postas de al­te­ração à Re­so­lução Po­lí­tica antes da reu­nião magna, ou por­me­no­rizar que du­rante a AORL foram en­tre­gues e aco­lhidas mais de 40 ou­tras emendas ao do­cu­mento, apro­vado por una­ni­mi­dade.

Seria per­ti­nente ex­plicar por que é que mais de 60 por cento dos de­le­gados eram ope­rá­rios e em­pre­gados, ou ainda a razão pela qual entre os 82 eleitos para a nova Di­recção constam 56 ope­rá­rios ou em­pre­gados, muitos jo­vens. E sobre isso co­me­ça­ríamos por dizer, fa­lando ver­dade, que o PCP as­senta as suas raízes na classe ope­rária e nos tra­ba­lha­dores e entre estes re­cruta qua­dros re­vo­lu­ci­o­ná­rios que cal­deia com ou­tros mais ex­pe­ri­men­tados na ás­pera luta de classes.

Porém, na AORL as­sumiu pre­pon­de­rância a de­ter­mi­nação em re­forçar o Par­tido e avançar com a luta, con­signas que, ali­adas ao repto da cons­trução da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, es­tavam ins­critas no seu lema.

Nos úl­timos quatro anos, ve­ri­fi­caram-se avanços na acção e or­ga­ni­zação do Par­tido, par­ti­cu­lar­mente em em­presas e lo­cais de tra­balho, tendo sur­gido novas cé­lulas ou sido for­ta­le­cidas al­gumas das exis­tentes, bem como, su­bli­nhou Ar­mindo Mi­randa, a sua in­ter­venção e li­gação às massas. Tudo a de­mons­trar que «di­fi­cul­dades não são im­pos­si­bi­li­dades», disse o membro da Co­missão Po­lí­tica na in­ter­venção de aber­tura.

Na pri­meira linha

Teria im­por­tância alon­garmo-nos sobre in­ter­ven­ções a res­peito do tra­balho uni­tário, par­ti­cu­lar­mente nos mo­vi­mentos e com ca­madas so­ciais di­versas e em es­tru­turas de tra­ba­lha­dores in­te­lec­tuais e qua­dros téc­nicos. O mesmo em re­lação à re­a­li­dade, ex­pe­ri­ên­cias e ori­en­ta­ções fri­sadas sobre os Micro, Pe­quenos e Mé­dios Em­pre­sá­rios e o tra­balho com as mu­lheres; ou sobre a acção e exi­gên­cias do PCP e das po­pu­la­ções nos con­ce­lhos de Cas­cais, Odi­velas, Ama­dora e do Oeste do dis­trito, onde avulta a de­gra­dação dos ser­viços pú­blicos no quadro da ofen­siva mais geral contra as fun­ções so­ciais do Es­tado.

Isto sem es­quecer de tra­tarmos a im­por­tância atri­buída aos cerca de 500 eleitos da CDU em câ­maras e as­sem­bleias mu­ni­ci­pais e de fre­guesia do dis­trito, que em ar­ti­cu­lação com a acção mais geral do PCP e os seus ob­jec­tivos, cons­ti­tuem uma po­de­rosa força de con­tacto com as massas.

Não ol­vi­dando, igual­mente, a im­por­tância de uma cam­panha feita de es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação nas pró­ximas elei­ções le­gis­la­tivas, que Carlos Cha­parro con­si­derou ser «uma ba­talha muito di­fícil», «con­di­ci­o­nada por uma co­mu­ni­cação so­cial ali­nhada com os in­te­resses do grande ca­pital e com os par­tidos que de­fendem esses in­te­resses», pro­cu­rando, por isso, ocultar a «ver­da­deira al­ter­na­tiva que o PCP e os seus ali­ados re­pre­sentam».

Re­forçar

Não fal­tavam ra­zões para que mais fosse dito sobre estas ma­té­rias, mas como já se re­feriu, o for­ta­le­ci­mento do PCP foi o mote da AORL.

Re­forço do Par­tido au­men­tando a venda e di­fusão da im­prensa par­ti­dária entre os mi­li­tantes e os tra­ba­lha­dores, afirmou Jaime Rocha, que se con­cre­tiza no campo da ba­talha da in­for­mação e pro­pa­ganda, quer seja pro­du­zida pelas or­ga­ni­za­ções ou cen­tral­mente e in­de­pen­den­te­mente do su­porte, ex­plicou Tiago Brazão. Na AORL, cé­lulas de em­presa ou or­ga­ni­za­ções por sector pro­fis­si­onal (saúde, grandes su­per­fí­cies, se­guros), no­taram que a edição de ma­te­riais pró­prios é cru­cial para a sua in­ter­venção.

For­ta­le­ci­mento do PCP, ainda e sempre, que apro­vei­tando a re­cente acção de con­tactos com todos os mem­bros do Par­tido, con­so­lide o re­forço or­gâ­nico já ve­ri­fi­cado na ORL, sa­li­entou por seu lado Gui­lherme Fer­nandes.

O re­cru­ta­mento do Par­tido é outro plano de vital im­por­tância para o seu re­forço. Ao in­tervir sobre esta ma­téria na AORL, Ri­cardo Costa adi­antou que o ob­jec­tivo de ins­crever no PCP mil novos mi­li­tantes nas em­presas e lo­cais de tra­balho es­tava já em curso, sau­dando a en­trada para as fi­leiras co­mu­nistas de um ope­rário du­rante a As­sem­bleia.

Re­forço do Par­tido que é uma ta­refa de todos e que Luís Fer­nandes lem­brou estar in­ti­ma­mente re­la­ci­o­nada com o cres­ci­mento da cons­ci­ência e luta dos tra­ba­lha­dores. Atenção deve também ser dada ao es­tilo de tra­balho, no­me­a­da­mente ade­quando a li­gação do PCP aos mi­li­tantes, a ho­rá­rios e ou­tros cons­tran­gi­mentos exis­tentes. É o que está a co­meçar a ser feito na área da vi­gi­lância e lim­peza, disse-se numa das in­ter­ven­ções.

Já nos cen­tros de con­tacto, parte do ca­minho está feito. O tra­balho pa­ci­ente e per­sis­tente do Par­tido per­mitiu criar uma cé­lula na Te­le­per­for­mance, e, graças à cam­panha de con­tactos e à re­es­tru­tu­ração da or­ga­ni­zação por esta im­pul­si­o­nada, foi pos­sível re­ac­tivar a cé­lula na PT. En­tre­tanto, foram de­sen­ca­de­adas lutas até há pouco tempo ini­ma­gi­ná­veis no sector das te­le­co­mu­ni­ca­ções, sin­te­tizou Ana Sofia.

Ini­ma­gi­ná­veis, eram, também, pro­testos la­bo­rais no pólo lo­gís­tico da Sonae, na Azam­buja. Hoje é uma re­a­li­dade que Fi­lipa Costa, na tri­buna da AORL, re­cordou de­correr da in­sis­tência na sin­di­ca­li­zação, na con­vo­cação de ple­ná­rios, cada vez mais par­ti­ci­pados, e, em Março, na or­ga­ni­zação de uma con­cen­tração que al­cançou vi­tó­rias.

Este úl­timo caso mostra a jus­teza da acção sin­dical in­te­grada tal como ela é con­ce­bida pelo PCP, algo que Luís Cai­xeiro abordou, la­men­tando que, pesem avanços, «esta não está ainda ver­da­dei­ra­mente en­rai­zada no nosso es­tilo de tra­balho». Deu como exemplo, entre ou­tras di­men­sões, o in­su­fi­ci­ente acom­pa­nha­mento e pre­pa­ração do au­tên­tico exér­cito cons­ti­tuído pelos mi­lhares de de­le­gados sin­di­cais exis­tentes no dis­trito, bem como o de casos em que se jul­gava não haver jo­vens tra­ba­lha­dores sin­di­ca­li­zados, mas, feita a dis­cussão e apu­rada a re­a­li­dade, iden­ti­ficou-se cen­tenas de jo­vens sem qual­quer con­tacto ou li­gação ao seu sin­di­cato.

Con­fi­ança

Jo­vens que fazem falta ao PCP e em quem é pre­ciso con­fiar. Tanto mais que se têm des­ta­cado na luta. Desse facto deu vá­rios exem­plos Dé­bora Santos. «Ac­tu­al­mente temos 16 co­lec­tivos de es­cola, sete são re­centes» e «in­ter­venção re­gular em 30 es­colas da re­gião». No Su­pe­rior, são «nove co­lec­tivos a fun­ci­onar e in­ter­venção re­gular em 20 ins­ti­tui­ções». Nas em­presas, temos «in­ter­venção re­gular em 14 do dis­trito de Lisboa».

Dé­bora Santos contou, pos­te­ri­or­mente, que nos dias que an­te­ce­deram a AORL per­guntou a al­guns jo­vens o que era, para eles o Par­tido, e como o cons­truíamos. Dis­seram que o PCP é o «povo, a luta, a li­ber­dade. Que é hu­mano e ge­nuíno». Dis­seram que o Par­tido se cons­trói di­a­ri­a­mente «com cer­teza no fu­turo, união e tra­balho. Como cons­truímos uma vida digna, com ho­nes­ti­dade, mi­li­tância e força».

Se lhes pu­dés­semos per­guntar que ba­lanço fa­riam da VIII AORL, creio que não res­pon­de­riam de ma­neira muito di­fe­rente.




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